Lição 10: Temperança: O fruto da disciplina

1º Trimestre de 2005

 

Data: 6 de março de 2005

TEXTO ÁUREO

“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2Tm 1.7).

VERDADE PRÁTICA

A temperança como fruto do Espírito realiza no cristão o inverso das maquinações e obras iníquas da carne.

LEITURA DIÁRIA

Segunda — 1Co 9.25

A temperança conduz o crente a uma vida disciplinada em tudo

Terça — 1Co 6.12

A temperança e a liberdade cristã

Quarta — 1Ts 5.8

A temperança integra a armadura espiritual do cristão

Quinta — Pv 16.32

A temperança capacita o crente a ser tolerante, moderado e equilibrado

Sexta — Pv 25.28

A temperança protege o crente dos ataques do Inimigo

Sábado — Tt 1.8

A temperança é indispensável aos líderes

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Pedro 1.3-8.

3 — Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude,

4 — pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo,

5 — e vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência,

6 — e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade,

7 — e à piedade, o amor fraternal, ao amor fraternal, a caridade.

8 — Porque, se em vós houver e aumentarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

PONTO DE CONTATO

Professor, não se esqueça de corrigir os questionários com a classe. Caso não seja possível corrigi-los no final da lição, use-os para recapitular a aula anterior no início da lição seguinte. Os exercícios contribuem para o professor avaliar o que de fato os alunos aprenderam com a lição, pois, destacam os principais assuntos. Seja criativo, interaja com os alunos. Agindo assim, você poderá tornar um simples questionário num grande momento de aprendizado e descontração entre toda a turma. Portanto, utilize este recurso para consolidar os princípios doutrinários da lição. Confira na revista Ensinador Cristão n° 21, páginas 33-35, dicas para dinamizar a aula.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Definir biblicamente o termo temperança;
Apontar o segredo da temperança;
Mencionar as áreas específicas de nossa vida onde a temperança é imprescindível.

SÍNTESE TEXTUAL

Temperança é domínio-próprio em ação! O temperante segundo Tito 1.8 é aquele que exerce autocontrole sobre as paixões ou desejos desregrados da alma. Na criação, Deus dotou o homem de certas faculdades naturais necessárias à sobrevivência: alimentar-se, preservar-se, reproduzir-se, dominar sobre a criação e adquirir bens. No entanto, com a entrada do pecado, essas aptidões inatas foram contaminadas pelo pecado. A partir de então, surgiram a glutonaria, o suicídio, a prostituição, a servidão, a ganância, a cobiça, etc. Esses últimos manifestam-se muitas vezes de modo incontido, aprisionando a pessoa aos vícios e ao desejo irrefreável de cometer tais pecados — a Bíblia os chama de “concupiscências da carne”. O desejo refreado, por exemplo, é contemplado por Tito (1.8) no termo traduzido por “moderado”. Este termo, no original (sophroneo), significa literalmente “são de cérebro” ou “mente sóbria” e se refere à prudência e ao autocontrole proveniente de uma reflexão. O moderado, dentro deste contexto, é alguém que não se deixa dominar pela ansiedade, pelo contrário, exerce controle sobre ela, pois pondera seus atos e suas respectivas consequências de acordo com a Palavra de Deus.

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

Professor, nesta lição, faremos um Gráfico Comparativo Conceitual. Este recurso possibilita relacionar uma expressão aos seus diversos conceitos. A lição trata da temperança em diversas áreas da vida, isto possibilita uma expressão principal que contém diversos elementos correspondentes. Distribua uma folha contendo três colunas com os três títulos conforme o modelo abaixo e, solicite que os alunos escrevam os conceitos negativos e positivos de cada expressão de acordo com a necessidade individual. Este exercício pode ser feito depois do tópico “III” da lição.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Nesta lição, analisaremos o fruto do Espírito quanto a sua “fatia” da disciplina — a temperança. O crente, que permite ao Espírito Santo torná-lo segundo a imagem de Jesus, desenvolverá esta virtude em todas as áreas da vida (2Co 3.18).

Você precisa de mais disciplina e ordem em sua vida, sem reclamação? O fruto da temperança ou autocontrole — não simplesmente o natural ou advindo de cursos, mas do Espírito — é a resposta.

I. O QUE É TEMPERANÇA

Deus anela que o crente tenha domínio próprio, pois este fruto capacita o crente a renunciar a impiedade e as concupiscências mundanas (Tt 2.11,12). O fruto da temperança abrange a renúncia aos desejos ou prazeres pecaminosos.

1. Definição bíblica. A palavra original traduzida por “temperança” aparece somente em três passagens do NT: Gl 5.22, At 24.25 e 2Pe 1.6. Em Gálatas 5.22, é usada para designar a última seção do fruto nônuplo do Espírito. Em Atos 24.25, Paulo empregou o termo ao discorrer com Félix acerca “da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro”. Em 2 Pedro 1.5,6, a palavra é incluída na lista das qualidades que todo cristão deve desenvolver: “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade”.

2. Temperança como fruto do Espírito é autodisciplina. A ideia principal de “temperança” é força, poder ou domínio sobre o ego, inclusive petulância, arrogância, brutalidade e vanglória. É o controle de si mesmo sob a orientação do Espírito Santo.

Em 1 Coríntios 9.25, a temperança é empregada em alusão ao treinamento e disciplina rígidos de corredores gregos em seu esforço para conquistar o prêmio. Paulo frequentemente faz uso das analogias do atleta e do soldado em seus escritos. “Correi de tal maneira que alcanceis [o prêmio]. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1Co 9.24,26,27). Aqui, não se trata de ascetismo pagão e idólatra, nem de autoflagelação religiosa, mas de manter o nosso inteiro ser em sujeição por amor a Cristo.

3. Domínio sobre os desejos sexuais. A palavra temperança também é usada em referência ao domínio do cristão sobre os desejos sexuais: “Mas, se [os solteiros] não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” (1Co 7.9).

II. O SEGREDO DA TEMPERANÇA

A falta de temperança leva a pessoa a cometer excessos ao dar vazão aos desejos pecaminosos da carne. O melhor antídoto contra isso é estar cheio do Espírito Santo, porque desta maneira estaremos sob o seu controle. Ele nos ajuda a dominar nossas fraquezas, e submetermo-nos à sua vontade. Ver Rm 8.5-9 e Jo 3.6.

Sem o auxílio do Espírito de Deus, nossas inclinações naturais cedem facilmente aos desejos pecaminosos. Todavia, ao nascermos do Espírito, a nova natureza divina em nós esforça-se por cumprir toda a sua vontade e agradá-lo.

III. UMA VIDA EQUILIBRADA

1. O princípio do equilíbrio é uma das leis naturais do universo. O controle perfeito que Deus exerce sobre a natureza é mencionado na Bíblia (Jó 37.14-16).

2. O propósito divino é que os cristãos tenham uma vida equilibrada. Isto implica equilíbrio espiritual, físico, mental e emocional. Por exemplo, o apóstolo Paulo escreveu os capítulos 12, 13 e 14 de 1 Coríntios a fim de enfatizar o equilíbrio no exercício dos dons espirituais, e a necessidade destes estarem harmonizados pelo amor. Na igreja de Corinto havia abuso no exercício dos dons espirituais, enquanto, na de Tessalônica havia controle excessivo dos referidos dons, o que também causava desequilíbrio. Estes crentes impediam a obra do Espírito e até menosprezavam os dons, principalmente o mais notório, a profecia (1Ts 5.19,20).

3. Vida equilibrada é viver com moderação. Isto significa que devemos evitar os extremos de comportamento ou expressão, conservando os apropriados e justos limites.

Obviamente há coisas das quais o cristão tem de se privar totalmente (Gl 5.19-21; Rm 1.29-31; Rm 3.12-18; Mc 7.22,23). Entretanto, Deus criou muitas coisas boas para delas desfrutarmos com prudência, sob a orientação do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Examinemos os ensinos bíblicos quanto à temperança em áreas específicas de nossa vida.

a) Controle da língua. A temperança começa com o controle da língua, e o apóstolo Tiago informa-nos o quão difícil é realizá-lo (Tg 3.2). Se você não controla sua língua, sua fala, sua conversa, não controla nada mais em sua vida. Se você realmente deseja o fruto da temperança, peça ao Espírito Santo para controlar sua língua.

b) Moderação nos hábitos cotidianos. Em 1 Coríntios 6.12-20, aprendemos a importância de honrar a Deus através do nosso corpo. Nesta passagem, trata-se não só a respeito da imoralidade sexual, mas também sobre qualquer outra prática que desonre o corpo e, consequentemente, desonre Deus.

A glutonaria e a bebedice são hábitos pecaminosos contra os quais somos advertidos na Bíblia (Pv 23.20,21). Alguém que repreende outrem por alcoolismo e ao mesmo tempo come de forma excessiva é incoerente. Esse tal prejudica-se igualmente, pecando contra o corpo. Precisamos da ajuda do Espírito Santo para educar nossos hábitos alimentares.

c) Moderação no uso do tempo. Provavelmente o maior exemplo bíblico de satisfação excessiva dos próprios desejos é o rico insensato de Lc 12.15-21. Jesus destacou a importância de usar nosso tempo com sabedoria em seu discurso em relação à vigilância (Lc 12.35-48). O crente equilibrado o dividirá entre a família, o trabalho, o estudo da Bíblia a Casa do Senhor, a oração, o descanso e o lazer. O preguiçoso, ou o indivíduo que desperdiça tempo em atividades inúteis, não tem domínio próprio (1Ts 5.6-8).

d) Autodomínio da mente. No mundo de hoje, há muitas atrações e passatempos aparentemente inofensivos com o objetivo de afastar-nos de nossas responsabilidades para com Deus. O que lemos, vimos, ou ouvimos causa impacto em nossa mente, por isso precisamos da ajuda do Espírito Santo a fim de conservá-la pura (Fp 4.8).

IV. UMA VIDA SANTA

Acima de tudo, Deus deseja que sejamos santos! Esta ideia é enfatizada inúmeras vezes ao longo da Bíblia: “Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Lv 11.45). “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

O Espírito Santo trabalha em nosso interior, aperfeiçoando a santidade e tornando Cristo uma realidade em nossa vida. Ele quer produzir em nós o fruto espiritual da temperança, e cria em nós o desejo de separação do mundo pecaminoso para viver de modo agradável a Deus (Rm 8.8-10).

CONCLUSÃO

O fruto da temperança suscitado pelo Espírito Santo opõe-se a todas as obras da natureza pecaminosa carnal e humana. No momento em que somos salvos, o Espírito Santo passa a habitar em nós. A partir de então, não deveremos estar mais sob a escravidão do pecado. Ao longo da vida terrena, precisamos exercer o governo disciplinado sobre os desejos da carne. Esta (a natureza inatamente pecaminosa) fará tudo para recuperar o seu domínio sobre nós. Busquemos todos, sempre, a renovação espiritual e tenhamos uma vida inteiramente rendida a Jesus como Senhor. Nessa dimensão espiritual nasce e cresce o fruto do Espírito.

VOCABULÁRIO

Antídoto: Medicamento que reverte os efeitos do veneno; contraveneno; antitóxico.
Ascetismo: Doutrina que considera a privação, a solidão e a autopunição como elementos necessários à santidade.
Excessivo: Exagerado; demasiado; desmedido.
Glutonaria: Pecado que consiste na ingestão exagerada de alimentos.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

GEE, Donald. Como receber o batismo no Espírito Santo. CPAD, 2001.

EXERCÍCIOS

1. Qual a ideia principal do termo temperança?

R. É o domínio sobre o ego, inclusive a petulância, a arrogância, a brutalidade e a vanglória.

2. Qual o antídoto contra a ausência de temperança?

R. Estar cheio do Espírito Santo.

3. Por que os crentes de Corinto e Tessalônica precisavam de temperança?

R. Por causa do abuso no exercício dos dons em Corinto e do controle excessivo destes em Tessalônica.

4. Quais as áreas específicas em que devemos ser moderados?

R. Na fala, nos hábitos cotidianos, no uso do tempo e no autodomínio da mente.

5. Mencione duas passagens bíblicas acerca da santidade.

R. Levítico 11.45 e Hebreus 12.14.

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